E continuou: “Jesus, a Sabedoria em pessoa, acentua esta inversão” ao declarar “bem-aventurados” “os pobres, os que choram, os perseguidos”. “Para Deus, não é maior quem mais tem, mas quem é pobre em espírito; não quem pode tudo sobre os outros, mas quem é manso com todos; não quem é aclamado pelas multidões, mas quem é misericordioso com o irmão”. “A proposta de Jesus é sapiente” disse, “porque o amor, que é o coração das Bem-aventuranças, embora pareça frágil aos olhos do mundo, na realidade vence”. “O amor é a nossa força, a força de tantos irmãos e irmãs que também aqui foram vítimas de preconceitos e ofensas, sofreram maus tratos e perseguições pelo nome de Jesus”. “Para se ser bem-aventurado, não é preciso ser herói de vez em quando, mas testemunha todos os dias. (…) É assim que se muda o mundo: não com o poder nem com a força, mas com as Bem-aventuranças”.
“A paciência de recomeçar sempre, é a primeira qualidade do amor, porque o amor (…) sempre recomeça”. “Quem ama (…) responde ao mal com o bem, lembrando-se da sabedoria vitoriosa da cruz” de Cristo, afirmou Francisco. Quando algo corre mal, ocorrem-nos uma de duas tentações: fugir ao problema ou reagir com ira: “Nem a fuga nem a espada resolvem coisa alguma. Ao contrário, Jesus mudou a história. Como? Com a força humilde do amor, com o Seu paciente testemunho. O mesmo somos nós chamados a fazer; assim Deus realiza as suas promessas (…). De facto, a cada Bem-aventurança segue uma promessa: quem as vive terá o reino dos céus, será consolado, saciado, verá a Deus”. Terminando, recomendou: “Querida irmã, querido irmão, talvez olhes para as tuas mãos e te pareçam vazias, talvez sintas insinuar-se no coração a desconfiança e penses que a vida é injusta contigo. Se tal suceder, não temas! As Bem-aventuranças são para ti, para ti que estás na aflição, com fome e sede de justiça, perseguido”.
No dia seguinte, na Eucaristia a que presidiu em Erbil, o Papa retomou esta catequese sobre a Sabedoria da Cruz, afirmando: “Com a força de Cristo e do Espírito Santo, (,,,) tornamo-nos instrumentos da paz de Deus e da Sua misericórdia, artífices pacientes e corajosos de uma nova ordem social”, porque “o Evangelho tem o poder de mudar a vida”. “A Igreja no Iraque, com a graça de Deus, fez e continua a fazer muito para proclamar esta sabedoria maravilhosa da cruz, espalhando a misericórdia e o perdão de Cristo, especialmente junto dos mais necessitados. Mesmo no meio de grande pobreza e tantas dificuldades, muitos de vós oferecem generosamente ajuda concreta e solidariedade aos pobres e atribulados. Esse é um dos motivos que me impeliu a vir (…) agradecer e confirmar na fé e no testemunho. Hoje, posso ver e tocar com a mão que a Igreja no Iraque está viva, que Cristo vive e age neste Seu povo santo e fiel.”