Diante da Palavra
Vem Espírito de Sabedoria, concentra todo o meu ser na escuta do Enviado do Pai.
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo S. João (15, 1-8)
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Eu sou a verdadeira vide e meu Pai é o agricultor. Ele corta todo o ramo que está em Mim e não dá fruto e limpa todo aquele que dá fruto, para que dê ainda mais fruto. Vós já estais limpos, por causa da palavra que vos anunciei. Permanecei em Mim e Eu permanecerei em vós. Como o ramo não pode dar fruto por si mesmo, se não permanecer na videira, assim também vós, se não permanecerdes em Mim. Eu sou a videira, vós sois os ramos. Se alguém permanece em Mim e Eu nele, esse dá muito fruto, porque sem Mim nada podeis fazer. Se alguém não permanece em Mim, será lançado fora, como o ramo, e secará. Esses ramos, apanham-nos, lançam-nos ao fogo e eles ardem. Se permanecerdes em Mim e as minhas palavras permanecerem em vós, pedireis o que quiserdes e ser-vos-á concedido. A glória de meu Pai é que deis muito fruto. Então vos tornareis meus discípulos».
Irmãs e Irmãos em Cristo, na pluralidade e diversidade, somos convidados a permanecer unidos a Cristo. Detenhamo-nos na densidade do conteúdo dos seus desejos profundos deixados, aos discípulos, pouco antes de deixar este mundo.
Interpelações da Palavra
«Eu sou a verdadeira vide» (Jo 15, 1)
Desde o início do capítulo 13 de S. João até ao final do capítulo 25, Jesus revela-se aos seus discípulos. Entre aqueles que permaneceram com Ele, após o seu convite “Vinde e vereis” (Jo 1, 39), o vínculo de união foi-se estreitando e o sentido de pertença intensificando. “Permanecer para pertencer. Esta é a beleza e a audácia da aventura cristã, como fruto do encontro com Cristo” (D. Jesús Sanz Montes, OFM). Através desta alegoria da videira e dos ramos vemos como os discípulos devem permanecer unidos a Jesus e, desta forma, unidos uns aos outros, n`Ele e por Ele: a cepa e os ramos.
«[O Pai] corta todo o ramo que que está em Mim e não dá fruto e limpa aquele que dá fruto, para que dê ainda mais fruto» (Jo 15, 2)
Na poda da vide retiram-se os ramos secos (ramos que já deram fruto e não voltam a dar), retiram-se os mamões (ramos que consomem muita seiva e nunca dão fruto) e, mais tarde, com os primeiros rebentos, limpa-se a vide, retirando folhas para que entre luz favorecendo que o fruto cresça mais facilmente. Os discípulos de Jesus são cuidados pelo Pai ao longo da sua vida e mais intensamente em algumas fases. Este cuidado ocorre sempre que o discípulo deixa que a luz do Espírito Santo entre e ilumine as zonas mais íntimas do seu ser e permite que a Palavra norteie o seu agir. Esta poda acontece, também, através do exemplo de vida e da própria comunidade com a correção fraterna. Numa caminhada de conversão é necessário ter consciência de que esta não se opera de imediato e, com humildade, trazer à memória as palavras de Jesus: «sem Mim nada podeis fazer» (Jo 15, 4).
«A glória de meu Pai é que deis muito fruto. Então vos tornareis meus discípulos» (Jo 15, 8)
“A relação entre o agricultor (o Pai), a videira (o Filho) e as varas (os discípulos) é uma relação de unidade e, por isso mesmo, de vida ou morte, pertença ou não pertença. Mas a «glória» regressa sempre à «fonte» (o Pai)” (Carreira das Neves, OFM). O fruto abundante que o discípulo de Jesus Cristo é desafiado a dar, sempre que corresponde ao dom, manifesta-se internamente na vivência da paz, até no meio de perseguições, na vivência do amor fraterno e na assunção da sua responsabilidade como discípulo missionário, convidando a testemunhar a sua pertença e adesão ao Senhor.
Rezar a Palavra e contemplar o Mistério
Pai, Tu estás sempre atento à nossa evolução…
tornas-te presença evidente de agricultor.
Viste, vês e verás,
e entraste no preciso instante em que a Ti me abandonei,
te entreguei a minha liberdade, a minha vontade,
consentindo confiante que tratasses de mim, de mim cuidasses.
Tu, bom conhecedor da minha história vital,
guardas, preservas em segurança a tua casta,
cortando tudo aquilo que excede a carga e é desperdício de seiva,
limpando a vide, na antevisão de uma abundante floração e generosa colheita.
Viver a Palavra
Estarei atenta às moções do Espírito, discernindo o fruto que vem do bom Espírito daquele que vem do mau espírito.